sábado, 27 de agosto de 2011

Inesperadamente

Que posso dizer-te agora? Apanhaste-me de surpresa. O teu carinho, o teu sorriso, a tua mão na minha e o calor do teu abraço. O que não dizes quando te apanho a olhar para mim, o que dizes quando estás longe e sentes que o momento que temíamos está a chegar; 
Apanhou-me de surpresa o teu optimismo, a tua fragilidade em pequenas coisas - mesmo que nem tu o saibas - e a tua constante procura de mimos, de carinho, de beijos ternos como o miúdo que nunca vais deixar de ser. 
Com grande surpresa surgiu também tudo isto, as noites que faziam todo o sentido, os dias inteiros sem um único momento aborrecido, as gargalhadas constantes, a partilha e compreensão a um ponto inacreditável, as idas às compras, a viagem deliciosamente espontânea que nunca pensámos em fazer. 
E agora? 
Será que posso dizer-te o que sinto por ti, o quanto estes dias me fizeram feliz tal como já não o era há tanto tempo? Será que devo dizer-to agora, antes de ir, ou não será isso egoísmo da minha parte? Será que sabes o tanto que tenho medo de dizer - Porque não me quero magoar, e eu já me magoei tanto - e muito menos magoar-te a ti. 
Será que sabes que sinto ainda mais que tu, que pareces sentir mundos e fundos, que vais dizendo o quanto vais sentir a minha falta quando me for embora? Será que sabes o quanto és importante na minha vida, o quanto és especial, o o quanto me tens feito feliz - Sem tirar nem pôr - a toda a hora, minuto e segundo, desde que decidimos por fim deixar-nos de parvoíces e admitir que não, não somos criaturas insensíveis.
Será que há alguma maneira de o saberes sem eu ter de to dizer? Ou terei eu de parar de te afastar também, terei eu de fazer aquilo que me aterrorizou em nós desde o início, admitir que talvez no final de contas eu e tu façamos todo o sentido do mundo...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fui entrando na tua vida, tu foste entrando na minha. Fomos partilhando pormenores, segredos, histórias. E de repente fazes-me falta. Não deveria ter acontecido isso -Ambos sabemos que me vou embora e só queremos aproveitar ao máximo tudo o que a vida nos trouxer - Então, porquê? Porque teremos deixado isto chegar a este ponto? Este em que subitamente prevemos reacções um do outro e surge um carinho fora do normal, um que não devia sequer ser vislumbrado considerando tudo o que sabemos um sobre o outro. Porque é que as conversas fluem e o sorriso é constante, porque é que se vai tornando mais difícil pensar no capítulo seguinte como se nada fosse, ou sequer como se nós os dois não fossemos coisa nenhuma?
E tu, o que achas? Será que isto era mesmo suposto ser assim?

terça-feira, 24 de maio de 2011

Here we go again...

Estou há tanto tempo à deriva. Já tive tantas certezas, como é que as perdi mais uma vez? Quem poderia adivinhar que a minha vida ia ser virada do avesso uma vez mais, e que ia demorar tanto tempo a voltar a orientar-me? Não estava a contar estar sozinha outra vez nisto... Recostei-me e voltei a confiar que não precisava de resolver tudo assim, cada dia mais longo que o anterior, cada peso multiplicado por dois, três, cada vez mais... Vou voltar a acreditar que desta vez vai ser diferente, e que vou voltar a ganhar tudo o perdi - espero que, temporariamente. Esperar que até à próxima, faltem, pelo menos, uns bons meses... E ganhar juízo até lá. Tranquilidade q.b. Alguma sabedoria seria sem dúvida bem vinda. E mais que tudo isso... A felicidade que tinha demorado tanto a encontrar e afinal estava ali mesmo, à mão de semear, nas coisas mais pequenas de todas...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Circunstancial... E temporária

É bom estar-se sozinho. É bom não termos de nos preocupar com mais ninguém para além de nós próprios, é bom poder cometer erros e fazer o que quisermos sem consequências para outras pessoas, para além de nós próprios. É bom não discutir, é bom não sofrer e estar dependente de outra pessoa para estarmos, ou sermos, felizes.
É bom tomarmos decisões por nós e por tudo o que é importante para nós, seguir em frente e ser sempre tudo uma aventura, podermos começar do zero quando e onde quisermos, no strings attached, no questions asked.
É bom, é optimo estar-se sozinho, sem complicações, sem dores de cabeça, sem chatices, sem discussões... Partilhar apenas o necessário e conveniente, deixar feridas, mágoas e desilusões para trás, como se deixassem de existir.
E ontem, enquanto olhava para a Avenida da Liberdade no miradouro de São Pedro, pensei - Não, não quero estar sozinha para sempre...
Ontem pensei, que estou cansada de histórias a curto prazo, da tal frieza de robô, da total falta de envolvimento, eu quero, eu queria alguém que se preocupasse. Alguém que quisesse saber se cheguei bem a casa. Que nota se estiver triste, que me agarra a mão, que me dá um beijo na testa e me abraça... Alguém que se eu precisar de algo, possa dizê-lo sem medo, alguém que possa abraçar, e eu sinto tanta falta de um abraço.
Alguém que me dá valor e veja tudo o que eu sei e tudo o que eu não sei que posso ser...
Estou cansada de obrigar-me a não sentir, a não estar, a não ser... Nada, para além de passageiro, leve, circunstancial, à distância de um telefonema. Prático, é certo. Seguro, talvez. Mas, durante quanto mais tempo é que vou conseguir suportar - obrigar-me - todos os dias, a deixar de sentir?

sábado, 14 de maio de 2011

O que pensas que estás a fazer?  Pára. 
(Só estou contigo porque não tenho medo de sentir a tua falta!)
Não me faças habituar a ti...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Desejos simples, desejos (in)conscientes, desejos intermináveis

Gostava que estivesses comigo. Ontem, hoje, amanhã... Gostava que me dissesses o que fazer, que me deixasses chorar no teu ombro, que me dissesses que vai correr tudo bem. Que me abraçasses como só tu sabes e deixasses as horas passar, sem correrias, pressas, relógios e agendas. 
Gostava que fosse tudo simples. Gostava que me desses todas as respostas às perguntas que vou tendo e que ninguém me sabe responder - Não como tu, com certeza, o farias. Gostava que pensar em ti não significasse mágoa, gostava que não me fizesses chorar e tudo fosse simples outra vez. Tenho a certeza que as coisas já foram simples, um dia. Dizes que ainda te lembras, dizes que te lembras todos os dias... E eu gostava de acreditar.
Gostava que fosse fácil. Mas nunca é fácil dizer adeus às pessoas que amamos, não quando não o queremos fazer e principalmente quando não conseguimos dizer nada mais para além do já cliché "adeus, mas por favor não me deixes ir embora"
Gostava que me ajudasses a perceber quem sou, como sempre o fizeste. Agora que me assusto a mim própria, agora que estou à deriva sem saber o que fazer. Mas já nem tu o sabes sequer e cabe-me a mim descobrir-me, sozinha. E não sei se quero. Não sei se quero crescer, mudar, evoluir, avançar... Sem ti. 
Porque se eu fôr agora, perco-te para sempre. Perco definitivamente, tudo o que construímos ao longo deste tempo... Que nos parecia interminável. Que ainda não acredito que vai acabar assim.
Gostava que voltássemos a ser nós - Mas os tempos são outros e quando voltares a ser quem eras para mim, eu já me terei ido há muito tempo - E tu terás sido, gostes ou não, o cúmulo das desilusões, tu que prometeste mundos e fundos, tu que eu vou amar para sempre e a quem eu gostaria mesmo de nunca ter de dizer adeus.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Inconsistências

Precisei tanto de ti. Outros braços, outra boca, outros olhos, mas não os teus, nunca os teus. Outra noite, mais uma, outra a seguir, mas nunca olhaste, esperei mas nunca ligaste, nunca vieste e eu, eu deixei-me ficar. Chamei-te mas não ouviste. E agora? Será que és tu que me chamas, com a rouquidão típica de quem nunca teve necessidade de chamar alguém? Será que é o meu nome que gritas? Ou será que é isso que a mim me parece, que tenho tantas saudades tuas? Será que escuto sílabas desconexas e será apenas lógico assumir que juntas estarão muito próximas do meu nome? 
Será pois que faz tanto sentido quanto isso, chamares-me agora que já desisti de nós? E tu, há quanto tempo desististe de ti próprio?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O nosso tempo

O passado. Inalterável. Achas que se voltássemos atrás seria tudo diferente? Ou voltaríamos simplesmente a onde estamos agora? 
Sei que não queria ter-te perdido assim. Foste tudo e agora já não te conheço, sei que já não conseguiria começar a conhecer-te de novo - Já não seria capaz! E tu, serias?.Não tenho o direito de te dizer que tenho saudades do que éramos - Mesmo porque no final, não éramos assim tanto, pois não? Nunca chegámos a conseguir sê-lo verdadeiramente tudo o que sabíamos ser capazes de ser, juntos...
Sabes? Relembrei hoje muito do que fez com que quebrássemos com a pressão e fôssemos obrigados a desistir; E sim, claro que tenho saudades nossas e de tudo o que construímos, tudo o que parece agora tão distante. Mas sabemos ambos que nunca foi - nem seria - o suficiente... 
Se calhar já é tempo de deixar esse passado,  tão inalterável, naquele sítio recôndido, sombrio, melancólico, em que sempre devia ter ficado... Se calhar é tempo de deixarmos, verdadeiramente, o tempo tomar o seu rumo. Se calhar é tempo, de outra coisa qualquer. Mesmo porque mesmo que não tenhamos noção disso, o nosso tempo, esse, já acabou...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ausência

Disseste: "Já era tempo" e partiste. E eu não reparei, deixei-me estar. Pensei que a tua ausência fosse apenas momentânea, que fosse outra das coisas que fazias e que me deixavam a pensar que nunca conheci alguém tão detestável, alguém tão adorável e ao mesmo tempo tão especial quanto tu foste, sempre, para mim - Ao mesmo tempo. Mas a tua ausência foi-se tornando mais pesada - Como são sempre mais pesadas as coisas que nos magoam - e percebi que não voltarias tão cedo - ou secretamente sabia que não voltarias nunca mais.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sentença

Talvez ambos fôssemos culpados de olhar, sentir, sorrir;  Sim, éramos culpados de tudo o que jurámos e de tudo o que roubámos um ao outro. Éramos culpados e sabíamos, com a certeza de mil vidas que nunca vivemos juntos, mas nada havia a fazer, nada podia ser dito. E agora? Como vais tu proclamar a sentença final, como vais já no corredor da morte substituir em mim esse desejo de amar quem já não está, de amar quem não poderei nunca amar, de amar como nunca nos amámos verdadeiramente...?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Para mim, faz todo o sentido...

Com o tempo, tornou-se fácil não pensar. Tornou-se fácil para mim passar à frente, andar sem olhar para trás, continuar como se nada fosse. De repente já não custa, já não dói. Já nem sequer me lembro... 
Mas depois de tanto tempo, o sorriso já não é igual. A gargalhada não soa ao mesmo e ecoa, desprotegida. A música parece distante e vazia, monótona, como se tudo fosse parte do mesmo álbum que ouvimos vezes sem conta, tantas que as músicas se misturam até parecerem sempre a mesma, em modo repeat, vezes e vezes sem conta.
No final da noite estou em casa, pronta para dormir, e por vezes a chuva cai lá fora. Não de uma forma mágica, não de uma forma romântica, nem sequer de uma forma agressiva ou violenta. Simplesmente, cai lá fora, e a cada vez percebo: Não me dói, e não me causa desprezo, e não me custa afastar-me sem olhar para trás, porque não sinto. Não sinto nada.
E nesta busca desenfreada pela ausência de emoções esqueci-me que a vida sem sentir é tão vazia que deixa de fazer... Sentido. Sem amor, sem paixão, mas também sem ódio, sem discussões, sem choros, sem dor, sem desilusão, arrependimento, sem nada, não sou, não respiro, não vivo. Nem sequer sobrevivo, definho sem vontade de voltar, sem vontade de ser. 
Assim vou ficando, esperando por aquele dia: Aquele em que vens e me deixas sentir de novo. O dia em que me garantes que não vai voltar a ser o mesmo e que vai correr tudo bem. O dia em que me dizes que não faz mal sentir, desde que se sinta sem moderação, com paixão, com tudo, com cada centímetro do corpo, com cada suspiro e cada fôlego, desde que ame como se o mundo fosse acabar nos próximos segundos e a chuva volte a ser a dádiva sagrada que torna tudo brilhante e que limpa a alma como tudo, como nada.
Vou esperando por aquele dia em que me vou dizer que não há problema, está tudo bem. Mas sobretudo o dia - aquele dia - em que me vou permitir, a mim própria, voltar a sentir!...