
Descubro-me aos poucos. Resoluta, firme. Eu. Só eu. Sabe-me bem. Por vezes vou-me abaixo. Mas altiva continuo - em frente. Sorrio. Tenho medo que de tanto tentar mostrar que sou feliz me esqueça de o ser, realmente. De me perder nisto que ainda não sei se estou pronta para ser. Tenho medo por segundos. Mas continuo sempre - Os momentos de fraqueza cada vez menos frequentes. Os «blackouts» da realidade espaçando-se mais e mais. O teu rosto liso. Sem face. Não tens face. Convenço-me aos poucos que nunca a tiveste. Eu, forte. Segura. Só. E tu, uma mancha ao fundo do quarto, uma boca sem lábios que me sussurra palavras doces imperceptíveis, cada vez mais distantes. Um corpo sem forma que me tenta abraçar. Enrosco-me em mim e durmo. Sorrio. Eu, forte, segura, só. Não me quero esquecer de ser feliz - Não me quero esquecer de viver. Sei que não és conscientemente tu quem me atormenta - Eu atormento-me a mim própria e culpo-te a ti. Apesar de seres culpado de muita coisa. Sei que sou forte. Sei que não preciso de ti. Eu. Só. Segura. Assim. Não te consigo ver, esquecer, perdoar, odiar, amar. Não te consigo agradecer. Não te consigo pedir desculpa por isso. Não te consigo NÃO guardar rancor. Não consigo ser só eu, não consigo estar assim. Não consigo lembrar-me de ser feliz!
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