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"Se algum dia / por acaso
Eu voltar a rasgar a tua latitude neste planeta
Podes abocanhar-me
Caçar-me com os incisivos / balançar-me na boca
Não aceites as minhas desculpas / de nómada
Nem / acredites quando te disser que tudo o que tenho
Cabe dentro de uma mala
Começa por esconder-me os sapatos
Convence-me a destruir os mapas de viagem
E a engolir âncoras / pedras / uma morada
Com número na porta
Mesmo que o meu desassossego geográfico
(...) agite o metal dos talheres
Não hesites / Leva-me para tua casa
Prova-me que não tenho de apanhar o útlimo comboio da noite
Que incendeia a costa e que me ajuda / a fugir todas as madrugadas
Recebe-me nas zonas sem roupa / do teu corpo
Manobra-me a língua / Usa-me
Quando a tua carne já não precisar de mim
Amarra-me / cuida do meu sono temporário
Obriga-me a dizer-te aquilo que os meus dentes
Sem coração nunca autorizaram:
«Esta noite durmo contigo»." Hugo Gonçalves
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