segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Cedo demais

Sinto-me feliz, contigo. Fazes-me sentir acarinhada, idolatrada até por vezes, a pessoa mais bela do mundo... Tenho medo que me eleves demasiado alto nesse teu pedestal, mas por outro lado!,
Quero-te tanto, de todas as formas!
Quero-te comigo, sempre - Mas encaro de frente a realidade de não te poder ter. De uma maneira calma, saudável.
Quero amar-te desenfreadamente, mas de alguma forma acredito que isso nunca irá suceder - Seremos sempre algo perseguidos pela natureza racional dos nossos instintos - se é que neles existe alguma - nunca levados por eles, sempre com uma réstea vã de lucidez por entre pensamentos aluados.
Até que ponto isso nos é útil? Não sei. Decerto impediu, até agora, o despedaçar inútil de corações tão frágeis como, digamos, o meu, e talvez também o teu, por muito camuflado que o mantenhas nessa couraça impenetrável (cada vez menos, cada vez menos). Mas será que vamos manter para sempre esta tal tranquila descontracção diante da possibilidade de inevitavelmente desmarcar compromissos, ou de partilhar o espaço com mais pessoas para além de nós dois? Eu acho tudo isso cada vez mais difícil, cada vez mais uma loucura crescente, que me impele, que me grita a agarrar-te de encontro a mim, de não te deixar ir embora - quando já se faz tarde e tens de ir, tens de ir sempre tão cedo.
Vais-te sempre cedo demais.
Fotografia de Ricardo Wiese Zacchi, «Flor»

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