terça-feira, 24 de abril de 2007

Habituações

Vai-me empurrando neste baloiço de ferro, vigia-me de soslaio, fica perto de mim, prende-me, não me deixes gingar uma vez mais, segura-me com força. Dá-me a tua mão, não me soltes já... Deixa-me ficar só mais um bocadinho...
Admito!, tenho medo que quando me soltares, estas correntes se quebrem, que será de mim depois? Sorris e dizes que basta voltar a levantar-me... Eu sei, eu tenho quase a certeza que sei... (Quase que acredito!), mas não me soltes já... Vou sentindos os grilhões, ásperos, nas palmas das minhas mãos, dão-me segurança, contrastam com o calor da minha pele (da tua). Sinto o vento na minha face, sinto-me liberta. E ainda assim, quero tanto trocar este aço que me controla e me condiciona e me guia (mais que eu gostaria), pelos teus dedos a brincar com os meus...
Deixa que me habitue aos nossos gritos, aos nossos silêncios, ao meu olhar que brilha quando penso o que tenho sempre tanto medo de dizer... Deixa que me habitue a ti, a este nós, a este fado que nos envolve, que troça de nós, tão ironicamente impotentes perante o que vai surgindo à nossa volta....
Deixa que (um dia) te diga tudo o que não consigo dizer e que te abrace como se o amanha não viesse e tivéssemos todo o tempo do mundo. Deixa que sorria e te olhe mais uma vez mais enquanto penso para mim o quanto gosto de ti.
Habitua-te a mim Apesar de sabermos ambos que sim, vais ter de me largar um dia de qualquer maneira mas, e então? Pode ser que baloice de volta para ti... Para que me continues a empurrar, a largar, a empurrar de novo...Pode ser que caia... Me levante e me afaste....

Pode ser que a algum momento sejas tu o que resolve simplesmente parar de empurrar! Mas uma coisa é certa....
De quanto não terão valido esses momentos com a minha cabeça no teu peito e os teus braços à minha volta....?

quinta-feira, 19 de abril de 2007

...

Fotografia por glover barreto, «sonhadora»
Nunca cheguei a achar que sabia alguma coisa, mas agora já não sei o que sei... Confundes-me, deixas-me à deriva... Acho que havia um lado de mim que queria confiar em ti (que talvez tenha chegado a confiar, por momentos apenas). Quase inexistente, acho eu. Mas estava lá. Já não. Pensar, é inevitável. Mas os meus pensamentos mudaram e (com ou sem intenção) já não te vejo da mesma forma. Gosto de ti, mas isso não implica que me cegues ou me iludas ou que esteja dependente de ti. Contigo, não é isso que sinto (e felizmente!)...
Tu também te contradizes. Não me voltes a dizer que vais estar lá (não to pedi) para mais tarde dizeres que és uma pessoa inconstante. E, será que és? ou gostavas de ser? Ou será que quando disseste que "vou lá estar para te apoiar", não acreditavas em pleno no que farias mais tarde?
Não me iludas com promessas vãs.

domingo, 15 de abril de 2007

Divagações...


Fotografia por Lizenor Dias de Carvalho Junior, « cadeado do tempo»
Apeteceu-me escrever... Sobre o quê, não sei ao certo, embora - Verdade seja dita! - ao teres sido maioritariamente tu a ocupar-me a cabeça nos últimos tempos, não haja grande escolha, não é verdade?
Mas o que é engraçado é - longe de tomar-te como certo! - cada vez penso menos neste "nós", menos assustada me sinto com a ideia - mas mais me irrita o não ter sido sempre totalmente sincera contigo, desde que te conheci. Desculpa. Se eu disser que faz parte da minha natureza não é verdade, pelo menos dizem que as crianças têm aquele dom da sinceridae, eu decerto também o terei tido, mas infelizmente (?) cresci e apercebi-me que nem tudo é tão linear quanto isso. Por vezes pergunto-me se cheguei a ser tão criança quanto isso... Não me recordo.
Devo dizer que essa falta de sinceridade, seja ou não uma coisa má, é algo que me incomoda já há muito tempo, mas só tu me fizeste perceber que a possibilidade de mudar está muito mais tangível que o que poderia parecer à primeira vista (ou segunda, ou terceira...)... Mas nem por isso se torna mais fácil.
O que te tentei explicar é que por vezes nem eu sei se estou a ser sincera, se estou a ser Eu, talvez não acredites!, mas não me conheço tão bem quanto isso. Estive tão empenhada ao longo de todo este tempo a construir toda uma pessoa diferente de mim... Que se torna complicado distingui-las... (A tal "esquizofrenia"...) Tudo isto foi escolha minha, e estive mais ou menos confortável até tu apareceres. E me mostrares que podia estar melhor. A questão é... Será que consigo? Será que não é demasiado arriscado? Será que não estarei de novo a fazer a escolha errada?
Não sei...
Jã não sei nada e a vida não vem com um manual de instruções, já sei que não posso planear, calcular, mas não podia sequer prever um bocadinho disto tudo? Só queria ter tido uma pistazinha... Para me poder ter "preparado" melhor para a tua presença (algo drástico, não achas? Enfim...). Para não me apanhares assim tanto de surpresa.
Não sei como terminar isto, não me ocorre nenhuma frase pomposa, nenhuma citação deveras «cliché» como (se formos BEM a ver) são tantas as coisas que dizemos ou fazemos (não vou referir sequer um determinado dueto ao pé do casal simpatico no centro comercial...).
Por hoje, é tudo. Tudo o que consigo escrever. Sinceridade? Em absoluto... Acredites ou não! Pelo menos, deixa-me a mim acreditar nisso...

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Um Dia

"Houve um dia o desejo - Um olhar, um sentir
Como o teu primeiro beijo
Que me impede de fugir daquele momento
Único no tempo e eu sei bem, eu sei bem...
Houve um dia alguém - Alguém que me fez ver
Que para se amar também para isso há que saber
Houve um dia uma voz que no seu tom fez esquecer
Um passado tão atroz, tão longe está já sem se ver
E essas palavras que saem dentro de mim
Não escondem nem mentem
Quando falo de ti, de ti..." Um Dia, Pólo Norte
Fotografia por Sandra Brito, «the light on me...»
Corre-me das paredes, do tecto, do chão do meu quarto! Empurra-me para fora dessa tua vida, vem tu também para me apanhares enquanto desfaleço, adormecida. (Para poder por fim acordar nos teus braços...) E diz-me o que queres de mim. Diz-mo com gestos, com beijos, com carícias. Não o digas com palavras, nem mo sussurres... Sorri. Lembra-te sempre que se um dia me disseres que vai correr tudo bem eu vou acreditar em ti. Se deixares, vou guardar os meus segredos para mim... E se não deixares... Eu não sei o que serei sem os meus segredos! Talvez não seja nada... Tenho medo ne não ser nada sem esta minha armadura de espinhos...