O que fazer quando ao olhar para trás te recordas de uma maneira quase exacta de decisões que tomaste (lembras-te até do porquê de teres tomado essas decisões), quando e como, mas não te reconheces em nada disso que se passou? Quando subitamente te apercebes que noções nas quais te tinhas apoiado estavam erradas desde o início? Recordas-te de momentos em que tinhas noção de algo estar errado, no entanto culpavas algo defeituoso pelo meio do processo lógico pelo qual fazias quase todas as tuas escolhas - A tua maneira de pensar, os teus princípios morais, a tua personalidade que tão orgulhosamente foste construindo. Afinal toda a base estava errada desde o inicío. Como fazer com que uma ferida de tal magnitude cesse de magoar, de arder como se por aí todo o sangue, energia, vida se fosse esvair? Uma ferida que se abre a partir do momento em que admites ati próprio teres estado errado esse tempo todo. Como se toda a tua vida estivesses com um punhal afiado nas mãos, tremendo, nunca querendo admitir que pudesses estar tão inseguro, tão frágil - Simplesmente porque te apercebeste, enfim, que essa estrutura central de madeira camuflada de ferro não te há-de servir de nada. Era uma ilusão à qual te submetias inconscientemente. Olhas para trás e odeias-te, odeias tudo o que terás feito e não sabes onde estarias tu naquele processo, perguntas-te o que te terá acontecido ao renegares tanto de ti. Perguntas-te: Será isto crescer? Criar novos modelos, novas ideias, novas maneiras de pensar? Quem te ajudará a esquecer os erros que cometeste, provocados pela tranquila certeza que de alguma forma tudo iria dar certo? Como explicar a quem te rodeia que já não és a mesma pessoa, como explicares como renegas o que amaste durante tanto tempo e como anseias por aquilo que tanto desprezaste dia após dia? E pergunto-te: E agora, o que fazer?
Filmes de 2010 (III) - Shutter Island
Há 14 anos
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